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domingo, 13 de agosto de 2017

Hoje

Sentei no chão da sala do meu apartamento, o tapete tava quentinho com o sol invadindo cada quina do lugar, naquele laranja pôr do sol, que é uma das minhas cores favoritas. Depois de tanta chuva, sentir o calor no rosto e na casa fez me sentir viva.

Puxei a caixa que estava em baixo da cama e arrastei para o tapete, havia passado tanto tempo em que eu não tinha tamanha coragem para abrir, mas hoje, especialmente hoje, me senti preenchida de força de vontade, e o apartamento que costuma ser tão grande só pra mim, parecia pequeno diante de tudo aquilo. 

Soprei o pó, e me deparei com lembranças nossas de tantos anos, mas que hoje, se resumiam a uma mera caixa. Tantas fotos, etiqueta de preços dos presentes que me deu, papel da pastilha que chupamos no primeiro encontro, o colar guardado na caixinha, todos bilhetinhos que você escreveu com aquela letra horrível, tanta coisa e dentro de cada uma, tantas memórias.

Achei o exame de sangue que fiz no ano novo, quando passei mal e você ficou comigo o tempo todo, achei a nota fiscal de um suco de laranja que compramos, quando eu não podia tomar refrigerante, porque minha taxa de açúcar tava alta e você fez questão de não me fazer comer a pizza sem algo pra beber.

Eu ri das minhas anotações antigas no meu diário, e senti paz, no meio daquela bagunça e daquele apartamento virado de cabeça pra baixo, naquele tapete felpudo eu me deitei e fechei os olhos, senti tudo aquilo ir embora, de todas as paredes, de toda aquela caixa, de mim por completo, não havia nenhum compartimento fechado em meu coração.

Percebi que o nosso amor virou isso, uma caixa de lembranças, memórias por toda a cidade, um quase tudo e meus textos. Hoje, ao me deparar com o passado, fiquei feliz com meu presente, arranquei todas as pétalas das flores antigas e joguei ao ar, dessa forma me senti liberta.


*Para fins de direitos autorais, declaro que todas as imagens utilizadas nesse post, não pertencem ao blog. Qualquer problema ou reclamação, entrar em contato.

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